Terapia de Casal
A terapia de casal é uma modalidade de psicoterapia em que o casal realiza sessões em conjunto com um psicoterapeuta. Os encontros são semanais e têm a duração de 1 hora. Casais que buscam a psicoterapia de casal, geralmente, estão enfrentando desafios no relacionamento.
Os desafios mais comuns são:
- Conflito conjugal (comunicação pouco assertiva, desrespeitosa; brigas, discussões acaloradas em que um ou ambos não se sentem ouvidos ou respeitados);
- Dificuldade em tomar decisões relativas à condução da vida de casal (decisões financeiras, troca/compra/venda de imóvel, mudanças de cidade, país);
- Diferentes visões sobre a criação de filhos (autoritários, permissivos ou autoritativos);
- Ausência de intimidade (conexão e proximidade sexual);
- Casais com neurodivergência (TEA, AH/SD, TDAH, dificuldades de aprendizado);
- Entre outros...
A terapia de casal tem como principais objetivos:
- Melhorar a comunicação entre os membros da parceria, com treinos de leitura de contexto, de assertividade e expressão das necessidades emocionais;
- Resolver conflitos conjugais: busca entender e identificar as principais necessidades emocionais não atendidas e desenvolver formas eficazes e respeitosas de atende-las, dentro dos limites da conjugalidade;
- Avaliar as expectativas dos parceiros sobre a parceria, entender os limites e as potenciais de cada um;
- Gerar proximidade e conexão emocional, por meio da união empática, em que ambos compreendem as feridas um do outro e aprendem a comunicar suas frustrações de modo empático e respeitoso.
Especificidades da Terapia para casais multiculturais
A Terapia de Casal para casais multiculturais é minha paixão. Atendo casais nas línguas portuguesa e inglesa, atualmente. Esta prática me habilita a atender casais de diferentes nacionalidades que utilizam a língua inglesa como ferramenta de comunicação dentro do ambiente doméstico.
Sabemos que os desafios da verdadeira comunicação – falar e ser efetivamente compreendido/a – é um dos maiores desafios de todas as pessoas. Nem sempre aquilo que comunicamos é efetivamente compreendido, da forma como gostaríamos. Nem sempre, ainda, conseguimos ser claros com nossas demandas. Nossas emoções entram no caminho e somos levados a agir e ou reagir de modo de nos afasta ainda mais do objetivo desejado, ao comunicar nossa demanda.
Um exemplo bem comum é um dos pares do casal chegar em casa, desejoso/a de um acolhimento, um abraço, um tempo de qualidade e perceber a parceria imersa em seu mundo particular, “ensimesmado”, olhando para o celular. Essa cena pode servir de gatilho para muitas pessoas, pois pode gerar frustração, raiva, tristeza… a depender da emoção que a pessoa experimenta, ela vai reagir de determinada forma, o que vai a aproximar ou afastar do objetivo/desejo de proximidade com a parceria.
Como me comunicar nesse momento? Se em nossa língua materna já é difícil, imagina em uma língua estrangeira, em que precisarei fazer um trabalho mais árduo de procurar as palavras adequadas para expressar minha frustração, sem soar muito agressivo/a, frustrado/a?
Essa situação é apenas um pequeno recorte de um universo muito maior de desafios e potenciais conflitos em uma parceria multicultural. Os que mais observo em consultório são:
- Perspectivas de gênero (papel das mulheres e dos homens dentro do ambiente doméstico, como distribuição de tarefas dentro de casa);
- Formas de exercer a parentalidade;
- Relacionamento com as famílias de origem (como e com qual frequência manter contato, quando não têm familiares vivendo no mesmo país):
- Administração financeira;
- Decisões sobre mudança de casa/país;
- Perspectivas sobre o futuro da relação.
Por ter sido exposta à língua inglesa desde muito cedo por ter vivido em diferentes contextos em que a língua inglesa é predominante socialmente (EUA e Reino Unido), sinto-me confortável em conduzir sessões nessa língua, pois tenho domínio dos aspectos gramaticais e culturais. Ter fluência em uma língua estrangeira envolve, para além do domínio do aspecto funcional da estrutura da língua, a compreensão dos usos cotidianos, metáforas e simbolismos que ela propicia.
Terapia de casal para quem namora, é possível?
Sem dúvida nenhuma. A terapia de casal é recomendada para toda e qualquer parceria amorosa. Um dos maiores desafios em qualquer relacionamento é a comunicação assertiva. O que é comunicação assertiva?
Comunicação assertiva é a habilidade de comunicar necessidades e ou desejos de forma clara e condizente com o que se quer alcançar. Para conseguir comunicar algo de forma clara, precisamos, primeiramente, saber o que desejamos, quão importante isto é para si, nos sentirmos merecedores de receber algo que entendemos ser precioso.
Porém, quando temos dificuldade de entender o quão importante isso para nós mesmos, quando não sentimos que o outro compreenderá ou quando, simplesmente, esperamos que o outro adivinhe aquilo que desejamos… facilmente nos chateamos a podemos entrar em ciclos de ressentimento repetitivos e de difícil rompimento.
A terapia de casal proporciona um espaço de escuta segura e empática, em que cada parceria se sente a vontade para expressar o que deseja e ou o que precisa, sem se sentir inadequado ou vulnerável à incompreensão do outro. Ao fazer esse exercício, estará trabalhando em um processo muito rico, que anda em duas direções: do autoconhecimento (conhecimento de si) e no conhecimento do outro (da parceria em questão).
A terapia de casal proporciona o desenvolvimento da empatia, que é a habilidade de compreender o ponto de vista do outro, dentro do contexto de vida do outro. Além de cuidar do relacionamento, a terapia cuida dos indivíduos que, nesse processo, desenvolvem a habilidade de entender melhor suas necessidades emocionais e de as comunicar de forma assertiva e respeitosa.
Muitos jovens casais me perguntam: será que este relacionamento vai dar certo? Ao que costumo responder: há muitas causas e condições para esse relacionamento se prolongar no futuro. Porém, o futuro não acontece sem AÇÃO NO AGORA. E quanto mais autoconsciente estivermos de quem somos, no PRESENTE, mais clara a resposta se torna. Terapeutas não têm “bola de cristal” para o futuro, mas, com certeza, oferecem clareza sobre as decisões tomadas no presente.
Como as feridas conjugais podem afetar a relação?
Estar em relação com outra pessoa é uma das condições mais complexas em sociedade. Precisamos estar atentos às nossas necessidades emocionais, assim como a da parceria. A ideia é bem resumida pela frase de Saint Exupéry, na obra o “Pequeno Príncipe”: “és eternamente responsável por quem cativas”.
Essa frase traduz, em poucas palavras, o poder do enamoramento: quando alguém se apaixona por você, lhe entrega um “poder” acima dos das demais pessoas, pois qualquer coisa que faça que possa magoar, vai gerar uma dor muito maior. A pessoa que amamos pode nos magoar de uma forma muito mais profunda e dolorosa do que qualquer outra pessoa de nossas vidas.
Assim, a responsabilidade dentro de um relacionamento em que haja o acordo da conjugalidade é muito maior do que em qualquer outro tipo de relação (sem nomear o relacionamento entre pais e filhos).
Feridas conjugais são situações dolorosas vividas por um ou por ambos na parceria, que alteram o padrão de confiança e segurança dentro da conjugalidade. Como exemplos, podemos citar: traição, decisões financeiras não acordadas previamente, decisões que impactem a vida dos filhos; atos de violência (verbal e/ou físico).
Essas feridas, se não trabalhadas e elaboradas em um contexto terapêutico, podem servir de insumo para dinâmicas pouco saudáveis dentro do contexto da parceria, a depender de como cada um processa essa vivência. Pode ser geradora de culpa, vergonha, o que abala a autoestima de um dos membros da parceria; pode ser geradora de raiva e desejo de punição, o que pode dar início a ciclos de violência, visíveis ou invisíveis.
É altamente recomendável procurar ajuda, nesses casos. Não há como superar uma ferida emocional sem suporte, caso se deseje ter um relacionamento que seja fonte de bem-estar. É uma decisão que leva em conta o cuidado com ambos da parceria.